domingo, 29 de maio de 2011

Era tudo o que eu queria ♪

O quarto branco, frio e gélido, a luz amarelada da luminária, o rosa choque das cobertas da cama, os dois colchões jogados ao chão, garrafas de coca-cola, red label e água com gás encontravam-se expalhadas, em prateleiras da estante, em cima do baú ou próximas ao piano, junto com as cinzas de um cigarro de maconha que fora fumado, um pote de batatas-fritas, papéis de bala de cereja e bombons.
E uma embalagem de camisinha perto das roupas, misturadas sobre o sofá.
Nos colchões, lá estavam eles novamente. Estavam vivendo como Sid e Nancy havia meses, mas afinal, qual era o problema? Estavam felizes e só isso importava.
Ele fingia não ver os cortes que cobriam a coxa esquerda dela durante os períodos em que estavam juntos, mas, nas longas noites de conversas, fosse pelo telefone ou pelo computador, passava-lhe sermões inacabáveis.
Ela fingia não ligar para as palavras dele, fingia estar bem quando não estava com ele, fingia uma certeza escrota de que ele não se preocupava com ela. Também fingia não querer, nem um pouquinho, aqueles cigarros, que ela tanto dizia odiar. Odiava mesmo, mas isso não significava que ela não tinha vontade, vez ou outra, de saber como ele se sentia.
Na limitada visão que tinha do mundo, ela achava saber que ele não se importava com ela, que ele não gostava dela e que ela nada representava para ele, embora, bem no fundo, encontra-se suas próprias mentiras colidindo com suas pseudo-verdades.
Era boba, tinha a cabeça vazia e não sabia o que fazia, não pensava em suas ações e agia por impulsão, enquanto ele calculava cada fala, cada gesto, cada ato.
Ela estava bem pela primeira vez em meses, fora ele quem re-colocara o sorriso em sua face, o que, como consequencia, fazia com que ela tivesse um medo absurdo de perde-lo, embora não o amasse. Não amava mas gostava, e muito, dele. Assim como ele dela.
Para ser sincero, enquanto escrevo penso em um modo de expressar, fazer sentir, como eles se sentiam, mas não consigo. Humildes palavras de nada servirão, eles sentiam mais do que conseguiam expressar... Ao menos, ela. Ele, já não sei.
O que importa, aqui e agora é que estavam os dois bem, por mais incrível que isso fosse para essa garota bobinha de cicatrizes na perna. O que importa é que, pela primeira vez, ela não sentia aquele medo besta de viver. Vivia e pronto.


Reports: "Carpe Diem"
(Especial para meu anjinho insuportável. Também para meu melhor amigo anjinho e minha melhor amiga anjinha, haha)

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